1 - TERRITÓRIO BAIANO
O Estado da Bahia está localizado na região sul do nordeste do Brasil e tem seu território estimado pelo IBGE (Instituto brasileiro de geografia e estatística) em 564.722,611 km², o que lhe proporciona o status de quinto maior Estado brasileiro. Como consta na figura 1, limita-se ao norte com Piauí, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, ao sul com Minas Gerais e Espírito Santo e a oeste com Tocantins e Goiás. No lado leste está na divisa com o Oceânico Atlântico. Logo, é o Estado que mais faz divisa com outros Estados brasileiros e possui a maior faixa litorânea do Brasil com aproximadamente 1.188 km de extensão.
Figura 1 – Mapa Geográfico do Estado da Bahia1
Em boa parte do território baiano o clima é predominantemente tropical (quente e úmido), principalmente nas cidades próximas a costa litorânea. Já ao norte do Estado, na região sertaneja, a relevância está para o clima semiárido, bem mais seco, quente e com baixa umidade relativa do ar, além dos grandes períodos de seca decorrentes da estiagem. Por sua vez, em algumas cidades da região Sul e na Serra do Espinhaço o clima torna-se mais ameno com temperaturas baixas em determinadas épocas do ano, geralmente outono e inverno. Quanto as chuvas não há uma sincronia em todo o território, devendo-se considerar períodos e regiões. Na região da Chapa Diamantina, por exemplo, a estação das chuvas prevalece entre Novembro e Abril, com uma variação de precipitação entre 1000 mm e 1400 mm por ano. Em contra partida, como mostra a figura 2, no interior do Estado, o período de chuva altera e a precipitação chega apenas à 500 mm ao ano. Toda essa climatologia se dá pela soma do diferente sistema de circulação atmosférico e do relevo diversificado que constitui o Estado (planícies, planaltos, depressões, serras, tabuleiros, chapadas, montanhas com altitudes que variam de 800m e 1200m).
Figura 2 -Mapa do Relevo do Estado da Bahia2
Como mostra a figura 3, três tipos de biomas brasileiros constituem essa região, todos com características típicas: cerrado – mais de seis mil espécies de árvores e geralmente de pequeno porte isoladas ou agrupadas, grande diversidade de peixes e outras forma de vida; Caatinga: predominante no Estado com 54% da região, tem sua vegetação bastante alterada no período da seca. As plantas desse bioma possuem estruturas próprias para sobreviverem nessas condições de intenso calor e luminosidade, como é o caso da maniçoba e do mandacaru. Em relação aos animais, algumas centenas de répteis, mamíferos e peixes são encontrados nesse bioma; Mata Atlântica: predominante na costa litorânea com uma vegetação de porte elevado e bem diversificada, incluindo animais de várias espécies.
Figura 3 – Mapa do Bioma do Estado da Bahia3
A hidrografia do estado da Bahia é complexa e tem como principal rio o São Francisco que além de percorrer todo o Estado, forma a principal Bacia Hidrográfica do território baiano atingindo um número considerável de municípios e promovendo o desenvolvimento econômico e social da região. Outras doze bacias hidrográficas fazem parte do Estado da Bahia: Rio Vaza-Barris, Rio Itapicuru, Rio Real, Rio Paraguaçu, Rio Inhambupe, Recôncavo Norte, Recôncavo Sul, Rio de Contas, Rio Pardo, Leste, Rio Jequitinhonha, Extremo Sul. Na verdade, é importante ressaltar que o Rio São Francisco é um dos mais importantes cursos d'água do Brasil e considerado o rio de integração nacional. Além do mais, sua relevância não se limita apenas em ser um abastecedor de água do Nordeste do Brasil, mas também por apresentar um substancial valor econômico, social e cultural para o país, já que muitas famílias dependem dele para sobreviver, de modo que o Rio São Francisco propicia a fruticultura, irrigando as produções, bem como é utilizado na produção de energia em usinas hidrelétricas.
Outra característica relevante do Rio São Francisco é sua navegabilidade, com duas principais regiões de maior navegabilidade, quais sejam: 1) o estirão médio, o qual apresenta cerca de 1.371 km de extensão - entre Minas Gerais, Bahia e Pernambuco; 2) e o baixo estirão, que tem aproximadamente 208 km de extensão - entre Alagoas e a foz — local onde o rio deságua: no Oceano Atlântico.
É importante ressaltar que muitos rios dessas bacias limitam-se com outros Estados como é o caso do rio são Francisco, que tem sua nascente na Serra da Canastra em Minas Gerais, segue para o centro-norte de Minas Gerais, em seguida atravessa todo o oeste da Bahia, na sequência o rio inflexiona para o leste na divisa natural entre os estados da Bahia e de Pernambuco até alcançar o limite com Alagoas e Sergipe.
1.1 - TERRITÓRIOS DE IDENTIDADE DA BAHIA
A análise de uma região pode ser feita sob muitos aspectos e o estado da Bahia elucida bem essa possibilidade por se tratar de uma região com variedade cultural, social, econômica, populacional, agrária e ambiental. Por esse motivo, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) iniciou em 2003 o Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais, visando o planejamento, o desenvolvimento sustentável agrário e o fortalecimento econômico do Estado. Em 2010, portanto, o governo reconheceu oficialmente os 27 territórios demarcados, totalizando 417 municípios, e passa a utilizá-los para o planejamento de políticas públicas, como pode ser visto no quadro 1.
Fonte: Elaboração Própria a partir da base de dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) IBGE. Cálculos da SEI.4
1.2 TERRITÓRIO DE IDENTIDADE METROPOLITANO DE SALVADOR - TIMS
O TIMS é o principal território da Bahia por abrigar a capital do Estado e mais 12 municípios metropolitanos que estão em seu entorno, somando a maior participação no PIB total da Bahia, 45%. Esse território ocupa uma área de 2.779 km² e mesmo sendo um dos menores em extensão é ocupado pela maior parte da população do Estado, estimada em 3.984.583 habitantes (IBGE, 2016). As cidades que mais se destacam, Salvador e Camaçari, detém a maior concentração de habitantes com 71,71% e 7,37% respectivamente.
As principais atividades econômicas da região estão entre a indústria e o comércio e serviços; a indústria tem representatividade para o PIB da região de 26,6%, já o comércio e serviço somam 62% do total. Dos 13 municípios que compõem esse território apenas 03 não estão em contato direto com a região litorânea do Oceano Atlântico: São Sebastião do Passé, Pojuca e Dias d’Ávila.
1.3 - CAPITAL SALVADOR
Figura 4 – Mapa do território de identidade metropolitano de Salvador5
A cidade de Salvador, que no último censo do IBGE(2010) atingiu a marca de 2.675.656 de pessoas, foi fundada em 1549 por Tomé de Souza - português e representante da corte portuguesa no Brasil, visto como Governador geral do Brasil - já com status de metrópole para administrar toda a colônia brasileira e permaneceu assim até 1763, momento em que o mercado açucareiro internacional sofre uma crise e outras possibilidades econômicas favoráveis surge no Brasil: a descoberta de metais preciosos mais ao centro do país e posteriormente o café, justificando a transferência da capital para o Rio de Janeiro.
Nos tempos atuais a cidade de Salvador divide-se em cidade Baixa e cidade Alta. A cidade baixa contempla-se na planície litorânea e o núcleo das atividades portuárias e comerciais, além do mercado atacadista, os quais são grandes destaques na economia da cidade. A cidade alta os destaques ficam para os grandes bairros residenciais, o comércio varejista, a administração pública e muitos prédios históricos. Como mostram as figuras 5 e 6, dois marcos eram as principais ligações entre essas divisões da cidade: o Elevador Lacerda, o qual está em funcionamento desde 1873; e o plano Inclinado de Gonçalves, também formado por um elevador sobre uma rampa de montanha aberta pelos jesuítas no século XVII, ambos ainda em funcionamento.
Na década de 1960 a capital da Bahia tem sua modernização viária vista como essencial para o desenvolvimento da cidade, e de fato acontece. A construção de amplas avenidas facilitou e expandiu o acesso e desenvolvimento entre os bairros novos e o centro da cidade.
Figura 5 – Elevador Lacerda6
Figura 6 – Plano inclinado Gonçalves7
1.4 TURISMO EM SALVADOR
O turismo tem uma importância extremamente relevante para o desenvolvimento da cidade e do Estado como um todo, visto que contribui com uma parcela elevada para a receita da cidade, principalmente nos meses de alta temporada, e isso se deve não só pelos atrativos praianos mas também pela vastidão cultural que Salvador carrega em suas décadas de história. Dentre as diversas praias de Salvador as mais conhecidas nacional e internacionalmente estão próximas ao centro e possuem uma infraestrutura completa para quem as visita. A primeira é a Praia do Farol da Barra (figuras 7 e 8), muita conhecida pelo Forte de Santo Antônio, onde fica o famoso farol que também é palco das grandes festas e protestos que acontecem na cidade, além das piscinas naturais que formam um belíssimo cenário para garantir a diversão familiar. A segunda é a praia do Porto da Barra, que oferece a atrações dos esportes náuticos e na areia. Podemos incluir uma terceira praia como destaque também, trata-se da Praia de Itapuã, distante do centro, mas com opções de lazer e referência para o poeta Vinicius de Morais.
Figura 7 – Farol da Barra8
Figura 8 – Porto da Barra9
1.5 CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR
O Centro Histórico de Salvador, que em 1985 foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO, é considerado por muitos historiadores uma das áreas mais ricas em termos de história da cidade e forma um dos conjuntos urbanos de origem portuguesa mais ricos composto por ruas, ladeiras, becos e monumentos arquitetônicos da época do Brasil Colônia. A região abrange as áreas do Largo do Pelourinho, praça da Sé, Terreiro de Jesus, Largo do São Francisco e Santo Antônio Além do Carmo. O Largo do Pelourinho é o ponto mais conhecido do Centro Histórico e Pelourinho era o nome dado a coluna fixada no largo onde os escravos e criminosos eram expostos e castigados. Essa coluna já não existe mas o nome ainda permanece. Ao longo dos séculos várias construções foram surgindo – Catedral da Sé, Convento de São Francisco, Igreja de São Pedro, Faculdade de Medicina, Praça Castro Alves, entre outros – além de sobrados e solares que no século XVII abrigavam os ricos proprietários de fazendas e engenhos. Hoje essa região está repleta de bares, restaurantes, museus, comércios e diversas outras atrações turísticas.
Figura 10 – Terreiro de Jesus10
Figura 11 – Elevador Lacerda e Mercado Modelo11
O Mercado Modelo é outro atrativo cultural e histórico de Salvador. Tem suas instalações atuais em um prédio construído em 1861 que servia como Alfândega, mas suas atividades iniciaram em 1912 em outro local. Tratava-se de um centro de abastecimento para a cidade, mas hoje traz um resumo da cultura baiana com lojas de artesanatos, roupa, doces, cachaças, restaurantes tradicionais e comidas típicas. Está localizado na cidade Baixa próximo ao Elevador Lacerda (figura 11) proporcionando o acesso ao Centro Histórico.
1.6 MESORREGIÕES GEOGRÁFICAS DA BAHIA
O território baiano, além das divisões feita pelo próprio Estado, foi divido pelo IBGE em 7 mesorregiões geográficas expostas na figura 12.
Figura 12 – Mesorregiões da Bahia12
Extremo Oeste Baiano: região formada por 24 municípios, tendo como principais Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e Santa Maria da Vitória. Está localizada à margem esquerda do Rio São Francisco e geograficamente está inserida na região mais rica em recursos hídricos do Nordeste brasileiro.
Vale São-Francisco da Bahia: região formada por 27 munícipios. A região tem sua importância econômica inquestionável pois é se localiza- a Usina Hidrelétrica de Sobradinho, uma das principais usinas hidrelétricas do país, e o Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso.
Centro-Norte Baiano: formada por 80 municípios a região tem como principais cidades Feira de Santana, Irecê, Itaberaba, Jacobina e Senhor do Bonfim
Nordeste Baiano: com 60 municípios integrando a região, 4 deles ocupam posição de destaque: Alagoinhas, Euclides da Cunha, Serrinha e Ribeira do Pombal.
Região Metropolitana de Salvador: formada por 38 municípios, com destaque para Salvador, Camaçari, Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus e Simões Filho. Nessa região está a capital do Estado e o maior polo industrial da Bahia.
Centro-Sul: região formada por 118 municípios sendo Vitória da Conquista a mais importante e na sequência Jequié, Guanambi, Brumado e Itapetinga.
Sul Baiano: 70 municípios formam essa região, onde se localiza as plantações de cacau do Estado. Os principais municípios são Itabuna, Ilhéus, Eunápolis, Porto Seguro, Teixeira de Freitas e Valença.
2. POPULAÇÃO
De acordo com o último censo do IBGE (2010), quadro 2, a Bahia atingiu 14.016.906 de habitantes, ocupando o status de maior população do Nordeste com 26,4% de representatividade e o quarto Estado mais populoso do Brasil, atingindo 7,3% do total. Na área urbana estão mais de 10 milhões de pessoas (72%) enquanto na área rural o número chega a quase 4 milhões (27%). As mulheres são maioria com quase 51%, enquanto os homens são 49%. Os dez municípios mais populosos dentre os 417 que compõem todo Estado estão descritos na tabela seguinte e representam 34,43% do total da população.
Fonte: Elaboração Própria a partir da base do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)13
A população baiana surgiu inicialmente da integração de três grupos étnicos: 1) o Índio que já habitava o território antes da chegada dos Portugueses; 2) o Africano trazido à força como escravos e o Portugueses que vieram para colonizar; 3) e a partir disso, a sociedade se forma entre o mulato (negro e branco), o cafuzo (negro e índio) e o caboclo (branco e índio).
No último censo do IBGE (2010), quadro 3, quando comparamos a Bahia em relação aos demais estados brasileiros, a Bahia registrou a maior população que se declara preta no Brasil com 16,8%; 59,8% se declara parda e 23% branca, amarela e indígena aponta 0,3%. Ou seja, pode-se afirmar que o estado da Bahia, em relação a sua população, é a região com a maior concentração de negros do Brasil.
Fonte: Elaboração Própria a partir da base do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)14
3. POLÍTICA CONTEMPORÂNEA: ERA CARLISTA X ERA PETISTA
Antônio Carlos Peixoto de Magalhães - pertencente ao antigo Partido da Frente Liberal (PFL), atual Democratas (DEM) -, médico e empresário, denominados por todos como “ACM”, foi um dos mais importantes políticos do Estado da Bahia com vasta influência em âmbito nacional. Foi o estrategista responsável por formar a corrente política conhecida como carlismo e deteve o poder do Estado por muitos anos. Esteve à frente do Estado como governador três vezes, duas delas nomeado pelo Regime Militar (1971-1975; 1979-1983; 1991-1994); foi também prefeito de Salvador (1967-1970) e duas vezes senador (1995-2001; 2003-2007), além de Ministro das Comunicações em 1985.
Por meio de uma conduta política conservadora, ACM manteve uma sintonia entre os militares e articulou com o grupo ao seu redor uma maneira de envolver os objetivos da elite burguesa liberal da Bahia em seus planos políticos, e conseguiu. Ao se tornar prefeito utilizou em sua gestão tecnocratas capazes de dar uma nova roupagem administrativa, além do discurso anticomunista para fortificar e expandir estadual e nacionalmente o carlismo. A estratégia teve êxito e em 1971 assume o governo do Estado. Com o apoio dessa elite e a influência do seu amplo grupo, ACM consegue amenizar as divergências pessoais e políticas fortificando o entrelace entre os Municípios e o Estado. Isso se dá pelo poder de liderança que exerce sobre seus “aliados” e os conduz a apoiá-lo tanto na esfera municipal, quanto estadual e federal. Os municípios menores, por dependerem em demasia das verbas estaduais, foram os que mais se submeteram a apoiar incontestavelmente o governo de ACM, inaugurando um amplo período de hegemonia política do seu grupo no estado
Em 1985, no período da redemocratização, ACM como Ministro das Relações e fiel apoiador da ditadura, tem seu poder ampliado e consolidado através da posse de instituições públicas, com aquisições que sua família participa como proprietários no setor de telecomunicações- principalmente nos setores de rádios, jornal impresso e televisões. Esse acontecimento é de grande relevância para o poder hegemônico do carlismo na Bahia, pois em sociedades fundadas no modo de produção capitalista, os meios de comunicação de massa exercem funções políticas e econômicas essenciais, particularmente ao ser usado como mecanismo estratégico de impor a ideologia que dá sustentação a esse modelo econômico e político. A compreensão crítica de tais funções, pode ser compreendida tomando-se como referência a teoria de Antônio Gramsci o qual deixa em evidência em seus escritos os conceitos de homem, ideologia, Estado, hegemonia, cultura e relações pedagógicas, apontando para a importância política dos meios de comunicação de massa, entendidos como aparelhos de hegemonia do Estado.
Após longo período de hegemonia no poder do carlismo, a ascensão do Partido dos Trabalhadores na esfera federal em 2002, fortalece a oposição no estado da Bahia e em 2006 tem início o rompimento desse amplo domínio político e o surgimento da era petista. Ou seja, pode-se afirmar que isso aconteceu pela influência do governo federal, que no momento oportuno de crescente economia e reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ampliou os projetos de combate à pobreza do Norte e Nordeste e alterou a maneira de transferência dos repasses, investimentos e rendas minimizando a interferência do Estado, o que gerou e ampliou o apoio ao governo do Partido do Trabalhadores (PT), principalmente da parcela mais pobre da população. A reeleição do presidente de fato acontece e o monopólio da era carlista se finda no estado da Bahia com a vitória do candidato Jacques Wagner (PT) no primeiro turno das eleições para governador.
A era petista se concretizou na eleição seguinte em 2010, quando acontece a reeleição de Jacques Wagner e, na sequência, o candidato do PT Rui Costa vence as duas disputas seguintes 2014 e 2018. Vale ressaltar que todas essas disputas foram contra o candidato da corrente carlista. Os dados são demostrados no quadro 4:
Fonte: Elaboração Própria a partir da base do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia15
4. CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS E SOCIAIS
Em 2018, de acordo com a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI, o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado foi na ordem de R$ 287.073 bilhões, representando uma taxa de crescimento de 1,1%. De acordo com os indicadores da tabela 1, a dinâmica econômica da Bahia, em geral, segue a mesma tendência das dinâmicas nacional e do Nordeste entre os anos 2002 e 2017, com alguns anos apresentando uma taxa de crescimento maior ou menor do que as taxas de crescimento do Nordeste e do Brasil. O PIB da Bahia, quando comparado com o PIB do Nordeste, representa o maior do PIB da região, com participação percentual entre os anos 2002 e 2017 entre 28% e 30%. Em relação à participação do PIB da Bahia em relação ao PIB nacional, o percentual varia entre 3,8% e 4,0%, colocando a Bahia na 6º ou 7º posição no ranking de maiores economias do Brasil.
Fonte: Elaboração Própria a partir da base de dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) e Banco Central do Brasil16
A economia baiana é bastante diversificada e atuante nos três setores econômicos, tendo como relevância a agropecuária, a indústria, a mineração, o turismo e o serviço. Os indicadores da estrutura do PIB por grandes setores, tabela 2, deixam em evidência a consolidação do setor de serviços com maior participação no PIB, com um percentual que sai de 63,4% em 2002 para 70,9% em 2017. O setor industrial apresenta uma relativa estabilidade em sua participação no PIB entre 2002 e 2018, variando entre 20,0% e 25,0%, mas estabilizando entre 22,0% e 23,0%. Já agropecuária mostra uma tendência de queda contínua ao longo período, saindo de uma participação de 13,1% em 2002 para 6,7% em 2017.
Fonte: Elaboração Própria a partir dos dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia(SEI)17
A atividade econômica na Bahia, portanto, tem como principal característica a elevada participação do setor de serviços, destacando-se também a produção petroquímica, de automóveis e papel celulose no setor industrial, além do cultivo de algodão e grãos no setor primário
No setor primário as atividades que mais se destacam estão entre a produção de cacau, sisal, coco, mamona, mandioca e, em segundo plano, o milho, a cana-de-açúcar e a soja. Já na pecuária a criação de caprinos é destaque nacional com o maior rebanho do país. Na atividade extrativista o desenvolvimento do Estado está na exploração do petróleo e na extração de metais (ouro, cobre, magnesita, chumbo etc.).
No setor secundário, com a tecnologia agregada, a química, a petroquímica, a agroindústria, a automobilística e peças, são as atividades que se destacam.
No setor terciário, o turismo foi a atividade do setor de serviços que mais teve êxito, dado que a Bahia é um estado repleto de pontos turísticos, altas temperaturas na maior parte do ano e festas típicas que incentivam essa prática.
Pessoti e Pessoti (2019) chamam a atenção para três problemas que podem ser identificados a partir dos indicadores de atividade econômica da Bahia. Primeiro, em relação à renda gerada no Estado, medida pelo produto interno bruto, existe uma constante perda de participação da Bahia em relação ao Brasil e o Nordeste. Em 1985 a Bahia respondia por 5,4% do PIB brasileiro e 39,7% do PIB regional. Porém, no ano de 2017, essas participações reduziram-se para a 4,1% e 28,2%, respectivamente. Outro fator agravante é que a Região Nordeste não alterou sua participação na geração de riqueza no Brasil. Desde 1985 até os dias atuais, o Nordeste representa em torno de 14,0% da economia brasileira, de modo que fica em evidência que a atividade econômica na Bahia vem crescendo em um ritmo menos intenso quando comparado a outros Estados nordestinos.
O segundo problema é que, embora a Bahia seja maior economia do Nordeste e sexta no cenário nacional, o estado convive com problemas estruturais de caráter secular. Por exemplo, de acordo com os autores, a influência do clima semiárido nas atividades econômicas do Estado tem em torno de 80,0% do seu território na zona de abrangência semiárida, situação esta que dificulta a atividade da agricultura no estado. Além do mais, destaca-se que o modal rodoviário é o meio de transporte mais utilizado no Estado, até mesmo para escoamento da produção agrícola e industrial, tornando-se em um estorvo para o transporte de grandes cargas de mercadorias para os mercados com os quais a Bahia realiza suas transações, elevando de demasiadamente o custo de produção.
A terceira problemática apontado pelos autores é de caráter estrutural, pois a Bahia tem uma lógica de produção completamente exógena, isto é, o Estado tem destaque na produção de bens primários, sobretudo grãos, e bens intermediários (químicos, petroquímicos e metalúrgicos) para o abastecimento de mercados produtores de bens finais localizados nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, e China no exterior. Por fim, outro problema para o estado da Bahia é a sua economia tem a alta participação do setor público. Aproximadamente 20,0% do PIB da Bahia advêm do setor público. Devido às características inerentes às atividades que desempenha, esse setor tradicionalmente é pouco dinâmico, com baixa produtividade e com entraves na geração de emprego.
Em relação ao PIB per capita, tabela 3, a Bahia apresentava um valor de R$ 4.417 em 2002, elevando-se para R$ 17.509 em 2017. Esse valor era pouco mais de metade do PIB per capita Brasil ao longo de todo o período analisado (2002 a 2017). Entretanto, sempre está acima do valor apresentado pelo Nordeste que era de R$ 3.957 em 2002 e de R$ 16.649 em 2017. Esse indicador ao mesmo tempo que aponta para uma maior discrepância do potencial de mercado interno baiano em relação ao Brasil, deixa em evidência a relevância da Bahia para o Nordeste.
Fonte: Elaboração Própria a partir dos dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI)18
4.1 Desenvolvimento por regiões econômicas - As cinco regiões com maior representatividade do PIB estadual
Como fica em evidência na tabela 4, a atividade econômica da Bahia se concentra predominantemente na região metropolitana de Salvador com participação de 44,04%, seguido por Paraguaçu (8,75%), Litoral Sul (6,73%), Sudoeste (5,84%), Extremo Sul (5,61%) e Oeste (5,55%).
Fonte: Elaboração Própria a partir dos dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI)19
Região Metropolitana de Salvador: a economia de Salvador é a mais desenvolvida do Estado da Bahia e as atividades que mais se destacam estão entre os serviços, o turismo e o comercio, ressaltando também o crescimento da industrialização têxtil (fiação de sisal), alimentícia, construção civil, transformação do couro, fumo e cacau, que teve como impulso a criação do Centro Industrial de Aratu em 1967. O polo petroquímico de Camaçari (segunda maior cidade do Território de identidade Metropolitano de Salvador em relação ao PIB) contribui para o crescimento não só das atividades que industrializam o petróleo, mas também para todas as demais, incluindo a automotiva, funcionando como um centro de atração, uma vez que estão localizadas geograficamente próximas. Trata-se de complexo inovador, precursor e que está em constante preocupação e mobilização em defesa do meio ambiente e da sustentabilidade.
Outra empresa que tem destaque em Camaçari é a Ford. A fábrica começou a ser construída em 1999, sendo finalizada e com início em suas atividades em 2000. De acordo com Franco (2009), após a dura disputa pela vinda da Ford, que contou com um amplo arco de alianças locais, de governantes estaduais a sindicatos, evento de enorme significado para o desenvolvimento baiano, há muito estabelecido pelo planejamento governamental, a Bahia ingressou nos anos 2000 sediando a indústria automobilística. Como é um setor produtor de bens finais, em tese, o fabrico de automóveis seria capaz de quebrar a rigidez do padrão de industrialização local, dada pela concentração na produção de bens intermediários e petroquímicos, cujos efeitos dinamizadores se dão, em boa medida, fora da região. Dentro da estratégia de diversificação da economia baiana, a instalação da indústria automobilística seria um segmento industrial como uma opção promissora, como atestavam as experiências inaugurais do sul do país, que resultaram em mercados de trabalho estruturados e em importantes redes de cidades.
Quando inaugurada, a Ford apresentava uma área de 4,7 milhões de metros quadrados, a fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia, é a única no Brasil que abriga todo o processo de produção dos carros da marca. Lá, eles são desenhados, modelados e montados. Além disso, peças de mais de 20 fornecedores são feitas no local para acelerar a fabricação dos veículos.20
Figura 13 – Rotas do polo industrial até Salvador21
Figura 14 – Polo Industrial de Camaçari22
Paraguaçu: representando a segunda posição com 8,75% do PIB do estado da Bahia a região de Paraguaçu tem como principal cidade Feira de Santana. Nela está localizado o Centro Industrial do Subaé, que por sua vez é uma autarquia do Governo do Estado, e as empresas que se instalam no local são beneficiadas com incentivo fiscal que pode chegar até 90% considerando os empregos gerados e os programas sociais que a empresa patrocina. Entre as empresas que compõem o centro está um campus da coreana Digitmedia especializada em Tecnologia da Informação. Outra vantagem para o desenvolvimento dessa região é a localização, principalmente de Feria de Santana, que está em um entroncamento por onde circulam mercadorias de origem Sul e Sudeste do Brasil para os estados do Norte e Nordeste, o que propicia implantação de estruturas de serviços e indústrias para atender essa demanda.
Litoral Sul: a região representa a terceira posição do PIB do estado da Bahia com 6,73%. Ilhéus, Itabuna são cidades de destaque na região e tem como principais atividades produtivas o cacau (cacauicultura) e a pecuária bovina e em meio aos cacauais os cultivos de banana, cana-de-açúcar e mandioca auxiliam na renda dos produtos e na bovinocultura. A indústria de eletroeletrônicos também vem criando expectativa de desenvolvimento, principalmente de televisores e computadores. A cidade de Valença é outro foco da região produzindo cravo da índia, pimento do reino, dendê, banana, laranja e café.
Sudoeste: quarta posição na representação do PIB estadual com 5,84%, a região Sudoeste tem suas atividades econômicas voltadas para pecuária, cafeicultura, indústria de transformação, comércio e serviços. Vitória da Conquista, cidade de destaque da região, está localizada próxima a Rodovia Federal BR 116, passagem obrigatória para mercadorias do Sul e Sudeste rumo a Norte e Nordeste, o que atrai investimentos na infraestrutura, no comércio e nas indústrias de transformação instaladas na cidade.
Extremo Sul: com 5,61% do PIB estadual e na quinta posição de representatividade, a região do Extremo Sul tem a celulose como uma das atividades principais do Estado, favorecendo o investimento na infraestrutura para a aprimorar essa atividade. No setor mineral o mármore e o granito são destaques e na agropecuária alguns cultivos como o mamão, cacau, café, mandioca, eucalipto e a pecuária bonina são relevantes. O turismo no extremo sul, principalmente nos municípios litorâneos (Porto Seguro, Trancoso, Caraiva, Arraial d’Ajuda, Santa Cruz Cabrália), fortalece o desenvolvimento econômico da região, visto que a necessidade da infraestrutura hoteleira e transporte se fez presente e proporcionou uma expansão nos últimos anos.
5. TRABALHO E RENDA NA BAHIA
Historicamente a Bahia apresenta a maior taxa de desemprego do Brasil. De acordo com os indicadores do quadro 5, no auge da crise da economia brasileira que teve início em 1999, a taxa de desemprego total na região metropolitana foi de 24,4% em janeiro de 1999, alcançando 26,6% em 2000. Por outro lado, no ciclo de crescimento econômico brasileiro entre 2007 e 2011, quando o país apresentou as menores taxas de desemprego em sua história, a região metropolitana apresentou taxa de desempregos de 17,7% em 2010 e de 13,6% em 2011, a menor taxa de desemprego nos últimos 20 anos. Com o início e agravamento das crises política e econômica que passaram a predominar no Brasil a partir de 2014, a taxa de desemprego passou a alcançar patamares extremamente elevados, de aproximadamente 25,0% entre 2017 e 2019. Essa dinâmica do desemprego na região metropolitana de Salvador é a mesma para o município de Salvador e demais municípios da região metropolitana, como mostram os indicadores do quadro 5.
Fonte: PED-RMS – Convênio SEI, Setre, Dieese, Seade, MTb/FAT.23
(1) A amostra não comporta a desagregação para esta categoria
Os indicadores do quadro 5 chamam também atenção pela elevada taxa de desemprego aberto (quanto as pessoas procuram emprego), oculto por desalento (pessoas que não procuraram trabalho nos últimos 30 dias) e oculto por trabalho precário (que realizam trabalhos precários, como bicos). Além de serem taxas elevadas, a trajetória histórica recente tem mostrado que esse quadro tem se agravado.
De acordo com especialistas, ao analisar a situação do desemprego em Salvador e região metropolitana, considera-se que Salvador é uma cidade de serviços, com fraca acumulação capitalista, dependendo muito das verbas federais. Além do mais, tem muitas dificuldades para criar volume de mão-de-obra qualificada, com alta informalidade no mercado de trabalho.24
O Ministério do Trabalho da Bahia, por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), apresentou dados referentes aos anos de 2015 a 2018 sobre o saldo de empregos celetista, e dois anos consecutivos demostraram resultados negativos em decorrência da crise econômica que teve início em meados de 2013/2014 no Brasil, das altas taxas de desemprego e do aumento significativo da informalidade. Esses indicadores confirmam a situação delicada do mercado de trabalho no estado da Bahia, consolidando o Estado como a maior taxa de desemprego do país.
Fonte: Elaboração Própria a partir da base de dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).25
Fonte: Elaboração Própria a partir da base de dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI)26
Neste contexto, o saldo é o resultado da diferença entre as admissões e demissões celetistas em um determinado período e observando os dados do quadro 6. Notamos que em 2015 o maior saldo negativo de empregos esteve na atividade da construção civil, seguido dos serviços e comércio motivado pela desaceleração da economia que já estava acontecendo e propiciou o aumento do desemprego e a redução dos gastos da população. Em 2016 houve uma diferença no saldo negativo total de 3.023 positivo, considerada baixa, entretanto as atividades com maiores saldos se inverteram em relação ao ano anterior, com os serviços em primeira colocação como maior saldo negativo, seguido da construção civil e o comércio que se manteve na mesma colocação, a agropecuária foi a única atividade que representou um saldo positivo. Em 2017 o cenário demonstrou uma melhora em relação ao ano anterior, saltando de negativo para positivo em quase todas as atividades, principalmente na atividade de serviços com um saldo positivo de 1.098 empregos. Em 2018, exceto a agropecuária, todas as demais atividades apresentaram saldo positivo de empregos celetistas, com destaque para os serviços e a construção civil, este último demonstrando uma leve recuperação.
Os dados do quadro 7 retrataram o que já se conhece sobre um Estado que detém a maior concentração econômica em uma determinada região, como é o caso da Bahia. A região metropolita de Salvador representou 44% do PIB de 2016, o que significa dizer que o maior saldo de empregos, negativo ou positivo, já era esperado para a região, uma vez que com a deficiência de desenvolvimento econômico e social dos interiores, a metrópole seja o destino para uma parcela dessa população.
Fonte: Elaboração Própria a partir da base de dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).27
Fonte: Elaboração Própria a partir da base de dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).28
No quadro 8 têm-se a evolução do rendimento médio das atividades econômicas e novamente observamos o reflexo negativo da crise, do desemprego e principalmente da informalidade, os quais auxiliam diretamente na queda ou estagnação do rendimento da população. A atividade extrativa mineral demostra um decréscimo de 13% de 2015 para 2016, seguido pelos serviços industriais de utilidade pública com 6% de 2016 para 2017, a demais atividades permaneceram com mínimas alterações nos rendimentos.
No quadro 9 também retrata um quadro histórico no Brasil, a diferença salarial entre os gêneros. As mulheres, além de participarem em números inferiores em certas atividades econômicas, também são submetidas a rendimentos desiguais aos homens. Nos três anos pesquisados a diferença é percebida e aproxima-se de 8% em 2015 e 5% em 2016 e 2017.
O resultado do processo de elevado desemprego, precarização e baixo rendimento é um processo de concentração da renda, representado pela Curva de Lorenz para a Bahia para os anos 2015 e 2016, figura 15.
Figura 15 – Curva de Lorez para a Bahia - Índice de Gini calculado com base no resultado do PIB Municipal para os anos de 2015 e 2016
Fonte: Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI)29
6. CARACTERÍSTICAS CULTURAIS DA BAHIA
Pátria da diversidade do Brasil, a Bahia representa não apenas momentos marcantes na história do país, mas um verdadeiro mosaico quando falamos em cultura. O Estado baiano tem suas características próprias que resultam de uma miscigenação entre índios, portugueses e africanos. Não é à toa que é considerado um dos centros culturais mais ricos do Brasil, com destaques que vão desde igrejas seculares, do artesanato típico das cidades interioranas, da crença diversificada de seu povo até as manifestações culturais de rua, passando enfim por quase todas as esferas da arte. É importante ressaltar que a Bahia foi e ainda é o celeiro de muitas mentes brilhantes, na música, no teatro, na poesia e em tantos mais.
Foi na Bahia que nasceu o samba de roda (grande influência africana), o axé (mistura de vários ritmos salsa, merengue, rock), o baião, o trio elétrico, a guitarra baiana, a bossa nova (criada por João Gilberto), entre tantos outros. Margareth Menezes, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Raul Seixas, Gilberto Gil, Gal Costa, João Gilberto, Dorival Caymmi, Tom Zé, Xisto Bahia são alguns desses artistas.
Mas não o só de música vive a cultura baiana, pelo contrário, quando falamos em literatura, por exemplo, com sátiras, prosas, poesias, logo entendemos que a Bahia produziu um dos mais importantes conjuntos de obras literárias do país, com escritores de destaque internacional que transformaram a literatura brasileira. Alguns deles foram eternizados e fazem parte do contexto atual brasileiro. Jorge Amado (Capitães de Areia, Dona Flor e seus dois maridos), Castro Alves (O navio negreiro, Os escravos), João Ubaldo Ribeiro (Viva o povo brasileiro, Sargento Getúlio), Manuel Quirino (A arte culinária na Bahia, Costumes africanos no Brasil).
As festas regionais típicas também são eventos marcantes na cultura baiana. O acontecimento carnavalesco de Salvador, por exemplo, é o maior evento de participação popular no mundo, trata-se de uma festa secular com seus primeiros registros datados de 1832. Mas é em 1950 que as primeiras apresentações musicais em Salvador acontecem dando início à grandiosidade atual. Representações folclóricas e blocos de ruas como o Olodum, o Ilê Aiyê e os Filhos de Gandhy se espalham por toda a cidade e movimentam milhares de pessoas locais e turistas por oito dias de festa. Outros festejos populares estão pelo Estado durante o ano todo e representam não só as manifestações folclóricas, mas também a religiosidade diversificada que a Bahia representa, a Lavagem das escadarias do Senhor do Bonfim, a Festa de Iemanjá e a Festa de São João são exemplos distintos disso, que refletem a crença no Catolicismo e no Candomblé.
Figura 16 – Bloco Afro Olodum30
Figura 17 – Festa de Iemanjá31
Outro acontecimento de destaque cultural é a culinária baiana, que representa um momento histórico e afetivo. A forte influência africana trouxe para a cozinha baiana uma característica fundamental no preparo dos pratos, o tempero. Com base no azeite de dendê e no leite de coco muitos pratos se tornaram típicos dessa influência. O acarajé, o bobó de camarão, o vatapá, o abará, o xinxim de galinha são exemplos disso. Já no interior do estado, a maior influência culinária é a da típica cozinha sertaneja, considerando os produtos específicos de cada região e sua sazonalidade, como é o caso da carne de sol, carne de bode, manteiga de garrafa, jabá (carne-seca), jerimum (abóbora), umbu, maxixe, mandioca, milho.
O acarajé é um feito à parte. Representa não só um alimento de origem africana, mas uma oferenda ao Candomblé. A comercialização teve início na época da escravidão com as chamadas “escravas de ganho”, que trabalhavam para suas senhoras vendendo esse quitute em seus tabuleiros. O comércio nas ruas auxiliou no sustento de muitas famílias, no estreitamento dos lações entre os escravos urbanos e na criação de muitas irmandades religiosas e do candomblé. Mesmo com o fim da escravidão a venda do acarajé permaneceu como fonte de renda de muitas famílias e nos dias de hoje ainda funciona como uma atividade econômica relevante entre as mulheres. As Baianas do Acarajé são as responsáveis por vender em seus tabuleiros esses quitutes e em 2005 o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) reconheceu como Patrimônio Nacional o ofício das Baianas do Acarajé, que diz respeito a todo o ritual envolvido, desde o preparo do alimento para oferendas ou para comercialização, até a indumentária própria das baianas, que revela sua condição social e sua crença.
Figura 18 – Ofício da baiana do acarajé32
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Imagens
Crédito da foto de capa: Carnaval 2017. Bloco sem corda. Olodum. Foto: Tatiana Azeviche
link: httpss://www.flickr.com/photos/turismobahia/33175207825/
1 Disponível em: https://www.baixarmapas.com.br/mapa-da-bahia/ Acesso em: 20/10/2019.
2 Ver Santos, et al. (2018). Disponível em: https://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0430-50272018000100002 Acesso em: 20/10/2019.
3. Ver Santos, et al. (2018). Disponível em: https://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0430-50272018000100002 Acesso em: 20/10/2019 .
4 Disponível em httpss://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2289&Itemid=265 httpss://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2290&Itemid=412 Acesso em 20/10/2019.
5 Ver Silva, et al. (2014). Disponível em: https://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-479.htm Acesso em: 20/10/2019
6 Disponível em: httpss://www.cidademarketing.com.br/marketing/2019/03/01/elevador-lacerda-funciona-gratuitamente-levando-folioes-diretamente-para-o-circuito-carnavalesco-no-pelourinho-em-salvador/ Acesso em: 20/10/2019.
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20 Ver httpss://exame.abril.com.br/negocios/por-dentro-da-fabrica-da-ford-em-camacari-na-bahia/. Acesso em 20/10/2019.
21 Disponível em: https://www.bahia-turismo.com/camacari/polo.htm. Acesso em 20/10/2019.
22 Disponível em: https://www.bahia-turismo.com/camacari/polo.htm. Acesso em 20/10/2019
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